Novos ataques no norte de Moçambique sugerem uma actividade crescente por parte de grupos jihadistas

O extremo norte de Moçambique tem continuado a ser palco de violência contra populações civis e elementos das forças de segurança, o que permite sugerir uma actividade crescente por parte de grupos armados, nomeadamente jihadistas, apesar do esforço das autoridades no controlo da ordem pública.

Na semana passada, registaram-se ataques nos distritos de Mocímboa da PraiaMuidumbe e Macomia, todos situados na província de Cabo Delgado. Estes ataques terão provocado cinco mortos e 12 feridos e há o relato de que, num dos casos, o líder do grupo “falava árabe”.

Na sexta-feira, o jornal “A Carta” fazia eco destes ataques, referindo que a zona de actuação dos grupos armados é cada vez mais ampla. “Os ataques já atingiram o distrito de Mueda, terra natal do Chefe de Estado, Filipe Nyusi, do Comandante Geral da Polícia e do cessante Ministro da Defesa.”

Entretanto, uma organização independente que monitoriza situações de conflito armado no mundo, a International Crisis Group, faz referência a alguns dos ataques ocorridos na região norte de Moçambique durante o mês de Dezembro –nas aldeias de LitapataMalangonhaChitunda e Namacande, no distrito de Muidumbe – e conclui que é cada vez mais significativa a presença de grupos que reclamam filiação ao auto-proclamado Estado Islâmico.

Sobre um desses ataques, é referido que “o Estado Islâmico (ISIS) assumiu a responsabilidade pela emboscada do comboio militar de 6 de Dezembro na vila de Marere, que deixou pelo menos nove soldados mortos, elevando o número total de ataques reivindicados pelo ISIS para pelo menos 23”.

De facto, desde Outubro de 2017 que a região de Cabo Delgado, situada a norte de Moçambique, tem registado inúmeros ataques por parte de grupos armados, alguns dos quais alegadamente da responsabilidade dos jihadistas do  ISIS, ou Daesh, o auto-proclamado Estado Islâmico, contabilizando-se já mais de três centenas de mortos e, segundo dados das Nações Unidas, mais de 60 mil desalojados.

Este clima de insegurança e a actuação eventual de grupos ligados ao jihadismo, está a levar também alguns países a recomendarem prudência aos seus cidadãos, pedindo-lhes para evitarem viajar para a região norte de Moçambique.

É o caso do governo britânico que desaconselha “todas as viagens, excepto as essenciais” aos distritos de Nangade, Quissanga, Ibo, Macomia, Mocimboa da Praia, Palma e Meluco na Província de Cabo Delgado, incluindo as ilhas ao largo da costa, devido a ataques de grupos com ligações “ao extremismo islâmico”.

Numa nota disponível na página oficial do Foreign and Commonwealth Office, pode ler-se ainda que na região da província de Cabo Delgado “os cidadãos britânicos são vistos como alvos legítimos, incluindo aqueles envolvidos em turismo, trabalho de ajuda humanitária, jornalismo ou actividades de negócios”.


Departamento de Informação da Fundação AIS | ACN Portugal


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