LÍBANO: Crise está a causar ondas de choque na região e afecta já a economia da Síria, denuncia religiosa portuguesa

A situação de crise que se está a viver no Líbano está a afectar já a Síria, agravando a situação económica precária que se vive neste país. Esta situação foi denunciada pela Irmã Maria Lúcia Ferreira, numa mensagem áudio enviada para a Fundação AIS em Lisboa.

Nessa mensagem, a religiosa [conhecida como Irmã Myri] refere, por exemplo, que os projectos de solidariedade com estão a ser desenvolvidos localmente pela Igreja estão a ficar comprometidos.

A crise no Líbano – que estalou após o governo ter tentado taxar a utilização do serviço do WhatsApp, na Internet, e que levou milhares de pessoas para as ruas, em protestos violentos – causou já a demissão do primeiro-ministro e deu origem a uma grave perturbação no sistema financeiro. Aliás, no auge das manifestações, durante o mês de Outubro, os bancos chegaram a estar encerrados o que causou um enorme prejuízo nas empresas e na vida das famílias.

Reflexo disso, queixa-se a Irmã Myri, projectos que estavam a ser a ser desenvolvido pela Igreja na Síria estão agora comprometidos.

“Para nós foi um golpe duro porque a maior parte dos nossos amigos e associações que nos ajudam financiando os nossos projectos, faziam os seus depósitos nos bancos no Líbano pois os países ocidentais não têm relações com a Síria, não depositam aqui o dinheiro, não enviam para cá o dinheiro…”

Descrevendo a situação como “difícil”, a Irmã Myri deu o exemplo de uma iniciativa de âmbito profissional de apoio às mulheres sírias e que está a ser desenvolvida na vila de Qara. “Nós queríamos fazer um projecto de lãs, como nos outros anos e não sabemos [agora] se é possível ou não…”

Também o arcebispo maronita de Damasco manifestou, no final da semana passada, a sua preocupação pelas ondas de choque que a crise do Líbano está a causar nos países da região, muito particularmente na vizinha Síria.

Em declarações à Agência FidesD. Samir Nassar referiu expressamente as consequências que esta crise está a ter já na débil economia síria

Neste momento, os bancos começaram a aplicar medidas extraordinárias, nomeadamente limitando o valor dos levantamentos a cerca de 450 euros por semana. “A moeda local”, afirma o arcebispo, está a ver o seu valor “dissipar-se rapidamente em relação ao dólar”, o que vem agravar ainda mais a vida quotidiana das pessoas e das empresas, pois penaliza as importações, nomeadamente os produtos de primeira necessidade. Esta situação, diz D. Samir, está a levar a população a “adoptar” um estilo de vida de “crescente austeridade”.

Para a Irmã Myri, mais grave ainda, é o sentimento de turbulência que se vive no Líbano e que faz temer o regresso aos anos de guerra civil neste país. Diz a irmã que a contestação popular e as consequências da crise política “pode fazer de novo rebentar [um conflito] entre as várias comunidades confessionais que existem no Líbano. Esperemos que não”.

Perante a ameaça de um conflito maior, a Irmã Myri pede as orações de todos os portugueses. “É uma grande intenção de oração que vos peço pois se o Líbano entra em guerra então vai ser aqui no Médio Oriente qualquer coisa de verdadeiramente terrível”.

Maria Lúcia Ferreira nasceu numa aldeia da paróquia do Milharado, concelho de Mafra, Patriarcado de Lisboa, no dia 19 de Maio de 1981. Pertence à  Congregação das Monjas da Unidade de Antioquia e vive em Qara, na Síria, perto da fronteira com o Líbano, desde 2008, após ter passado pela França e pela Terra Santa.


Departamento de Informação da Fundação AIS | ACN Portugal



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