ÍNDIA: Estudo revela mais de centena e meia de episódios violentos contra cristãos só nos primeiros 6 meses do ano

Um estudo publicado este mês pelo United Christian Forum revela que houve mais de centena e meia de ataques contra cristãos na Índia apenas no primeiro semestre do corrente ano.

Segundo este estudo, naquele período de tempo foram registados 158 “episódios violentos” contra cristãos em 23 estados da Índia, que incluem “ataques ou intimidações e ameaças de grupos violentos”. Para esta organização, “isto significa que praticar a fé” pode revelar-se perigoso por causa da “insegurança” que se regista em “90% do território indiano”.

Estes “episódios violentos” foram registados numa linha de apoio patrocinada pelo Fórum Cristão, havendo situações de espancamentos de fiéis “reunidos pacificamente na igreja ou em centros de oração”.

O Fórum denuncia também “a violência sem castigo” que se “tornou norma” na Índia, um país onde têm crescido os casos de intimidação das minorias religiosas.

A ausência, em muitos casos, de resposta adequada por parte das autoridades é outro aspecto evidenciado pelo United Christian Forum, havendo a “tendência preocupante” de a polícia se recusar a avançar com os respectivos processos de forma a se poder identificar os agressores.

Uttar Pradesh e Tamil Nadu são os estados indianos onde se tem verificado um maior número de incidentes violentos contra a comunidade cristã.

O estado de Tamil Nadu foi palco, aliás, de um grave episódio. Na passada semana, no dia 22 de Agosto, o ‘site’ Vatican Newsdava conta de que um grupo de “40 peregrinos católicos” tinha sido alvo “de um ataque por radicais hindus”, esclarecendo que os cristãos “foram insultados e espancados” quando se dirigiam para o santuário mariano de Velankanni, situado naquele estado indiano.

Já anteriormente, a Fundação AIS tinha dado conta de outro ataque, desta vez no estado de Chhattisgarh.

No próprio dia em que Narendra Modi reivindicou a “clara vitória” nas eleições indianas, no passado dia 23 de Maio, uma multidão calculada em cerca de três centenas de radicais hindus destruiu as casas de três famílias cristãs que recusaram renunciar à sua religião. Este grave incidente ocorreu na aldeia de Bodiguda, que pertence ao distrito de Sukma, estado de Chhattisgarh.

Também neste caso se verificou um comportamento displicente por parte das forças policiais. O responsável por uma organização de defesa dos direitos humanos, a Alliance Defending Freedom, afirmou então que as autoridades se recusaram a “fazer o registo formal” da queixa das três famílias cristãs, procurando que “chegassem a acordo com os perseguidores” em vez de seguirem para a via judicial. Só mais tarde, no gabinete do magistrado local foi possível fazer o registo da queixa.

O facto de este ataque ter ocorrido no próprio dia em que o primeiro-ministro Narendra Modi assumiu a vitória clara do seu partido nas eleições, foi mais um facto a criar inquietação entre a comunidade cristã na Índia.

Um elemento da comunidade cristã, que pediu para não ser identificado por questões de segurança, explicou na ocasião à Fundação AIS que a vitória de Modi estava a ser encarada como “uma fonte de frustração e medo para as minorias na Índia”. Após os primeiros cinco anos de governo do partido nacionalista hindu Bharatiya Janata Party, os cristãos não escondem o receio de que “os próximos cinco anos sejam ainda piores”.

O crescimento do nacionalismo hindu está a provocar sentimentos de discriminação nas comunidades minoritárias, sentimento que se agrava com a economia indiana a mostrar sinais de abrandamento. “Os pobres estão mais pobres do que antes”, denuncia este elemento da comunidade cristã à Fundação AIS, acrescentando que “as classes mais desfavorecidas estão a ser negligenciadas” pelo poder.

“O nacionalismo hindu não quer ver nenhuma mudança nas estruturas sociais”, disse ainda esta fonte à Ajuda à Igreja que Sofre, afirmando mesmo que “muitas pessoas na Índia vivem actualmente em estado de semi-escravidão”.

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Departamento de Informação da Fundação AIS | ACN Portugal

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