"A Igreja está a crescer nesta parte do mundo", afirma D. Ante Jozic após 10 anos à frente da missão da Santa Sé em Hong Kong

Na véspera de sair de Hong Kong, onde durante os últimos dez anos esteve à frente dos destinos da Missão da Santa Sé, o arcebispo D. Ante Jozic concedeu uma entrevista aoSunday Examiner, o semanário em Inglês da diocese da antiga colónia britânica, fazendo um balanço positivo do tempo em que foi o representante, de facto, do Papa na República Popular da China.

Citado pelo jornal O Clarim, o órgão oficial da diocese de Macau, o Arcebispo Jozic é referido também como “um dos estrategas do acordo histórico firmado em Setembro do ano passado entre Pequim e a Santa Sé”.

No balanço dos 10 anos à frente dos destinos da Missão da Santa Sé, D. Ante Jozic referiu a enorme complexidade do trabalho, sublinhando que “a região alberga 149 dioceses, incluindo as duas dioceses de Hong Kong e de Macau”.

“O nosso papel é complexo porque a situação difere de diocese para diocese. Lidamos com aspectos a propósito dos quais não nos pudemos dar ao luxo de cometer erros ou de ofender as pessoas envolvidas”, afirmou ainda o Arcebispo Ante Jozic que o Papa Francisco colocou agora como núncio apostólico na Costa do Marfim.

Optimista, refere que a “diocese de Hong Kong assume o papel de uma ponte para a Igreja na República Popular da China, ao organizar muitas actividades e ao facultar programas de formação para muitos sacerdotes e para muitas irmãs do Continente”, sublinhando a sua satisfação “por ter tido a oportunidade de trabalhar em prol de Hong Kong, de Macau e da China Continental”, concluindo que “a fé é forte e a Igreja está a crescer nesta parte do mundo”.

Em relação ao nome do novo responsável pela cátedra episcopal da Região Administrativa Especial de Hong Kong, adiantou que poderá ser conhecido antes da Páscoa. “O meu Gabinete terminou o trabalho que lhe competia e entregou um relatório à Santa Sé. Terá que ser avaliado pela Congregação para a Evangelização dos Povos e pelo Santo Padre. Espero que possamos ter algumas novidades em relação a este aspecto por altura da Páscoa.”

Desde o falecimento, a 3 de Janeiro, de D. Michael Young, a cadeira episcopal da diocese de Hong Kong encontra-se vaga e, como sublinhou D. Ante Jozic, a escolha do novo titular é da exclusiva responsabilidade do Vaticano, não havendo neste caso qualquer interferência por parte das autoridades de Pequim.

Neste caso, tendo em conta o estatuto especial de Hong Kong – e também de Macau – não se aplica o recente acordo provisório assinado entre Pequim e a Santa Sé para a nomeação dos bispos católicos para a China. “Como é hábito, informamos as autoridades civis no dia anterior à nomeação, mas não o fazemos com o propósito de obter o beneplácito ou a autorização de ninguém”, explicou ainda o arcebispo Ante Jozic que ontem esteve em Macau para a bênção das novas instalações da Universidade de São José, cerimónia presidida pelo Cardeal Fernando Filoni.

O Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos também se referiu ao acordo entre Santa Sé e Pequim, afirmando, em Macau, que “vai ser muito bom para a Igreja no futuro e para a China também”, sublinhando que não se trata de um documento político ou diplomático, mas sim “pastoral”.

A inauguração das novas instalações da Universidade de São José – a única universidade católica em toda a China – teve o ponto alto na celebração da Missa que juntou mais de meio milhar de pessoas.


Departamento de Informação da Fundação AIS | ACN Portugal

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