ÍNDIA: Secretário-geral da ONU recebe denúncia de perseguição aos cristãos e minorias religiosas no país

A visita do Secretário-geral da ONU, o português António Guterres, à Índia, na passada semana, ficou marcada pela denúncia do clima de perseguição às minorias religiosas no país, nomeadamente em relação aos cristãos e aos ‘dalits’.

Através de uma carta aberta entregue ao responsável máximo das Nações Unidas, cerca de 250 activistas dos direitos humanos denunciaram o governo indiano pela violação dos direitos das minorias religiosas e étnicas.

Os signatários da carta afirmam que as liberdades religiosas e políticas têm vindo a degradar-se na Índia, especialmente após a chegada ao poder, há quatro anos, do partido Bharatiya Janata (BJP), do primeiro-ministro Narendra Modi.

No documento são referidos os cada vez mais frequentes abusos que as minorias religiosas têm vindo a enfrentar no país, nomeadamente os cristãos, os ‘dalits’ ou intocáveis – que estão na base do complexo sistema de castas do país –, e os muçulmanos.

Na carta é referido que “os cristãos têm sido alvo” de ataques por parte de grupos radicais hindus, e que 2017 “tem sido um dos anos mais traumáticos” para a comunidade cristã indiana na última década.

No ano passado, segundo os autores da denúncia entregue ao Secretário-geral da ONU, registaram-se mais de 350 incidentes reconhecidos como crimes de ódio contra os cristãos na Índia.

Ainda na semana passada, a Fundação AIS dava conta da ocorrência de pelo menos 12 episódios recentes de violência contra cristãos no distrito de Jaunpur, estado de Uttar Pradesh, situado no norte da Índia.

Esses ataques, segundo a agência Fides, têm sido da responsabilidade de grupos fundamentalistas hindus que actuam normalmente com a conivência das autoridades locais.

Com base em acusações falsas de “conversões fraudulentas”, alguns pastores protestantes foram detidos e outros ameaçados, havendo em alguns casos barreiras da polícia para controlo dos crentes junto às igrejas, forçando-os a voltarem para trás.

O aumento da violência contra comunidades cristãs motivou, em Julho, a realização de manifestações, em vários estados da União Indiana, de protesto precisamente pela violência associada ao partido Bharatiya Janata.

A visita de António Guterres à Índia ficou marcada também pela homenagem, no dia 2 de Outubro – Dia Internacional da Não-Violência –, a Mahatma Ghandi, considerado como “o pai” da nação.

O secretário-geral da ONU lembrou que, “numa época de conflitos prolongados e desafios complexos, a filosofia da não-violência de Gandhi continua a ser uma inspiração”. Guterres citou o carismático líder indiano, dizendo que “a não-violência é a maior força à disposição da humanidade”.


Departamento de Informação da Fundação AIS | ACN Portugal

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