CHINA: Autoridades de Pequim prosseguem estratégia de perseguição a igrejas cristãs

Igrejas fechadasrestrição ao encontro de fiéis e vigilância das comunicações na Internet são algumas das medidas que as autoridades chinesas têm vindo a realizar nos últimos tempos e que indiciam uma estratégia de perseguição às minorias religiosas, nomeadamente aos cristãos.

Segundo a agência de notícias Associated Press, várias congregações cristãs têm relatado actos de violência da responsabilidade das autoridades chinesas, nomeadamente queimando exemplares daBíblia, destruindo cruzes e encerrando à força diversos templos. Há inclusivamente a denúncia de crentes terem sido obrigados a assinar documentos em que afirmam renunciar à sua fé.

De acordo com a China Aid, um grupo que monitoriza as questões relacionadas com a liberdade religiosa neste país, e que tem sede nos Estados Unidos, as autoridades procederam recentemente ao encerramento de diversas igrejas na província de Henan, assim como em Beijing, havendo ainda relatos de vigilância – e em alguns casos de encerramento – de sites relacionados com actividades religiosas.

Este aparente endurecimento das autoridades chinesas no que diz respeito à vida religiosa atinge diversas comunidades. Ainda recentemente a Human Rights Watch denunciava que Pequim tinha transformado a região noroeste do país num verdadeiro estado policial, com milhares de uiguresdetidos em campos de doutrinação política.

Nesses campos, segundo o relato desta organização de defesa dos direitos humanos, os detidos são obrigados a criticar o islão, têm de aprender mandarim (a língua oficial chinesa) e a jurar ainda lealdade ao Partido Comunista.

Também os budistas tibetanos não têm escapado a esta onda repressiva. Wang Yang, um alto quadro do regime chinês, defendeu recentemente a urgência de uma maior vigilância sobre as instituições budistas tibetanas para se combater o que apelidou de “separatismo” nesta região.

Wang, que é membro do Comité Permanente do Politburo do Partido Comunista, defendeu, citado pela imprensa oficial, que as figuras religiosas devem ser “corajosas para combater todos os elementos separatistas”, numa estratégia que tem como objectivo preservar a unidade nacional e a estabilidade do país.

As questões relacionadas com a região do Tibete são muito sensíveis, registando-se desde há cerca de uma década vários protestos, nomeadamente auto-imolações de monges budistas, tal como a Fundação AIS tem noticiado, contra a presença chinesa na região.

Calcula-se que desde 2009 já mais de centena e meia de pessoas se tenham suicidado em resultado destes protestos contra a presença chinesa na região tibetana.

Recorde-se que o Tibete foi ocupado militarmente pela China em 1951 e desde então o Dalai Lama, líder espiritual dos tibetanos, vive exilado em Dharamshala, na Índia.

Como a Fundação AIS alertou no último relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, a questão tibetana é vista com muita atenção pelo poder em Pequim.

“De acordo com o Presidente Xi Jinping, ao lidar com minorias há ‘três males’ que é preciso combater: separatismo, extremismo e terrorismo. Para a China – pode ler-se no referido documento – as minorias mais perigosas são os uigures em Xinjiang e os tibetanos no Tibete.”



Fonte: Departamento de Informação da Fundação AIS | ACN Portugal

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