REPÚBLICA CENTRO-AFRICANA: Escalada da violência agrava crise humanitária e faz disparar o número de deslocados internos

A situação humanitária na República Centro-Africana, que já era grave, piorou com a escalada da violência em todo o país. Ainda na passada terça-feira, uma patrulha militar portuguesa foi atacada por “elementos armados”, tendo havido troca de tiros na localidade de Bambari, situada a cerca de 400 quilómetros da capital.

Este episódio vem reforçar a constatação da coordenadora humanitária da ONU neste país africano, Najat Rochdi, que tem vindo a alertar a comunidade internacional para a dimensão da tragédia em curso que está a afectar as populações em geral, mas muito particularmente as crianças.

Falando esta semana aos jornalistas em Genebra, na Suíça, Rochdi diz que fica “de coração partido toda vez que uma criança” lhe diz que está com fome.

E a tendência, diz, não é nada animadora. O índice de mortalidade infantil na República Centro-Africana é de 18 por cento e a taxa de desnutrição severa, atinge já os 15 por cento em seis regiões do país.

Esta responsável pelo trabalho humanitário das Nações Unidas afirmou que é “horrível ouvir de meninos e de meninas que estão famintos, que estão a passar fome”.

A situação é deveras delicada, pois no espaço de um ano registou-se um aumento de cerca de 70 por cento do número de deslocados internos.

As Nações Unidas calculam ser necessários cerca de 440 milhões de euros para se fazer face às medidas de emergência humanitária para este país africano, “mas apenas 20% do montante foi financiado até agora”.

O país está mergulhado, desde há vários anos, em confrontos violentos entre grupos extremistas muçulmanos, os Séléka, e grupos de auto-defesa, os Anti-Balaka. Só no passado mês de Maio, pelo menos 70 pessoas morreram na capital, Bangui.

Segundo a ONU, cerca de 70% das famílias não têm acesso à água potável e 80 por cento não têm acesso a saneamento básico. Actualmente 670 mil pessoas estão deslocadas dentro do próprio país e 580 mil encontram-se em campos de refugiados em países vizinhos como os Camarões e o Chade.



Departamento de Informação da Fundação AIS | ACN Portugal

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