
Além das pessoas que perderam a vida, como consequência deste ataque armado, desconhece-se ainda o paradeiro de algumas religiosas que se encontravam no local.
Segundo a emissora de rádio francesa RFI, os atacantes “saquearam lojas, incendiaram veículos”, e deixaram um rasto de terror.
Este ataque acabou por provocar também uma forte reacção de protesto por parte da população por causa do sentimento de insegurança face à aparente incapacidade de as forças da ordem e dos elementos da Monusco – a missão das Nações Unidas na RDC – em impediram a actuação não só dos elementos da ADF mas também de outros grupos armados que pululam na região.
A região do Kivu Norte e do Kivu Sul fazem fronteira com o Uganda, o Ruanda, o Burundi e a Tanzânia e isso ajuda a compreender como é complexo o problema de segurança que se coloca na região. As Nações Unidas calculam que, actualmente, haverá cerca de cinco milhões de congoleses deslocados e 675 mil refugiados em países vizinhos, vítimas da violência de grupos armados
Por seu lado, a organização não-governamental Human Rights Watch, estima que, entre Junho e Novembro de 2017, só na província do Kivu, mais de 500 civis foram assassinados e cerca de mil foram sequestrados.
Os rebeldes ugandeses da ADF têm como objectivo a criação de um ‘estado islâmico’ na região, aproveitando a enorme instabilidade que se vive na República Democrática do Congo.
João Lourenço, Presidente de Angola – país que já acolheu milhares de refugiados provenientes deste país, chegou a classificar a ADF como uma “organização terrorista”, tal como Jean-Pierre Lacroix, vice-secretário da ONUpara as Operações de Paz. Este responsável das Nações Unidas afirmou mesmo que esta organização tem uma agenda “extremista” e procura, acima de tudo, “tal como outros grupos na região, a exploração de recursos ilegais” do país.
Entretanto, a Igreja Católica na República Democrática do Congo decidiu tomar algumas medidas preventivas contra o surto de Ébola no país que já causou oficialmente mais de duas dezenas de mortos, havendo mais de meia centena de casos confirmados.
Num comunicado enviado para a Fundação AIS em Lisboa, D. Fridolin Ambongo Besungu, Bispo coadjutor de Kinshasa, após uma visita pastoral a Itipo e Bikoro, afirma que a situação “é muito preocupante”, apesar dos esforços das autoridades e das equipas médicas no terreno, por causa da “ignorância” e do comportamento “irresponsável” da população. Segundo este prelado, “se a questão sanitária” não se resolver rapidamente, as populações da região, nomeadamente de Bikoro, “correm o risco” de vir a passar fome. A subida de preços dos alimentos de primeira necessidade em Mblandaka “constituem já um sinal de grande inquietação”.
A epidemia de Ébola teve início na primeira semana de Maio em Bikoro, que fica situado a cerca de 600 quilómetros a norte de Kinshasa, na fronteira com a República do Congo. Depois, espalhou-se para a cidade de Mbandaka, que tem mais de 1 milhão de habitantes.
Assim, a Igreja decidiu, entre outras medidas preventivas, suspender “até nova ordem” a administração de sacramentos que implique “contacto físico com os fiéis”, nomeadamente “o baptismo, confirmação, unção dos enfermos”. As ordenações diaconais e sacerdotais programadas para o domingo passado, dia 3 de Junho foram também suspensas.
Neste documento, D. Fridolin Ambongo mostra o receio de que o surto de Ébola possa vir a crescer de forma terrível nas próximas semanas. É que “o período de incubação do vírus é de dois a 21 dias” e além dos casos já registados, há “o número vertiginoso de 1.139 pessoas que estiveram em contacto com um paciente ou um cadáver”.
A situação que se vive na República Democrática do Congo – tanto ao nível da violência sobre a comunidade cristã, como na questão da saúde pública – está no centro da preocupação da Fundação AIS em Portugal. Por isso, no fim-de-semana passado, a Ajuda à Igreja que Sofre realizou um conjunto de actividades de sensibilização no norte do país, mais concretamente no distrito de Vila Real.
Conferências sobre a liberdade religiosa no mundo, momentos de oração e até um concerto mariano marcaram esta jornada em que os fiéis da Paróquia de Telões e de Vila Pouca de Aguiar escutaram o testemunho do sacerdote do Verbo Divino, Padre Constantino Malu sobre a perseguição aos cristãos na sua terra natal, a República Democrática do Congo.
Departamento de Informação da Fundação AIS | ACN Portugal
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