Comunicado do CENDREV: Cultura em Luta

Cendrev - uma das companhias que o governo quer apagar do mapa do teatro português
O Cendrev é um colectivo artístico cujo percurso se tem pautado SEMPRE pelo cumprimento do SERVIÇO PÚBLICO, garantindo uma constante relação com a cidade, um regular envolvimento das comunidades educativas, frequentes deslocações ao território rural do Alentejo e, a partir deste universo, amplifica a sua intervenção no país e no estrangeiro. Das cerca de 130 sessões que a companhia apresenta em cada ano, 60% são realizadas em digressão.

A Lista provisória do concurso - Apoio Sustentado 2018-2021, evidencia uma purga no tecido cultural deste país. 

Entre muitas companhias estruturantes que pura e simplesmente são varridas do mapa, encontra-se o CENDREV.

 O choque foi enorme, não só pelo que fizemos ao longo de mais de quarenta anos, mas sobretudo pelo enorme esforço dos últimos anos para manter as actividades deste projecto profissional da descentralização cultural neste país. País onde os governantes continuam a não querer valorizar o trabalho artístico, DIGNIFICÁ-LO, nem a salvaguardar o nosso património colectivo cultural.

No plano de trabalho para o ciclo 2018/2021 apresentado à DGArtes, que embora tenho sido considerado ELEGÍVEL, não mereceu o financiamento deste Governo, reassumimos naturalmente as linhas estratégicas que têm orientado o nosso projecto, mas não deixámos de incluir NOVOS DESAFIOS que nos ajudam a chegar mais longe e a qualificar cada vez mais as nossas intervenções, ao implicar no trabalho outras estruturas artísticas, concretizar projectos em parceria com a Escola de Artes da Universidade de Évora ou garantir mais uma residência dos alunos finalistas do Curso Profissional de Artes do Espectáculo – Interpretação da Escola Secundária André de Gouveia.

Também não deixámos de evidenciar o trabalho com os BONECOS DE SANTO ALEIXO. Trata-se de um espólio do Teatro Popular de Bonecos do Alentejo, que se apresentam todos os anos nas aldeias da região, em muitos palcos do país e em festivais internacionais da especialidade.

 Não podemos deixar de referir o papel do CENDREV na preservação e valorização do Teatro Garcia de Resende e na organização do dia-a-dia desde equipamento cultural que recebe todos os anos milhares de espectadores.

O que apresentámos não foi, desta feita, o suficiente para poder receber o financiamento do Governo, como não terá sido bastante o que apresentaram o Teatro Experimental de Cascais, o Teatro Experimental do Porto, A Escola da Noite de Coimbra, O Teatro das Beiras, Seiva Trupe, o Teatro dos Aloés, Teatrão, A Bruxa Teatro, o FITEI, e o FIMP que estão entre as 39 estruturas teatrais que ficaram sem financiamento. E a razia continua em todas as áreas artísticas a concurso aos apoios da DGArtes.

Esta situação não está só a afectar quem nada recebeu. Muitas estruturas já vieram dizer, e muito bem, que embora apoiadas continuam a sofrer reduções nos seus financiamentos, e que continuamos muito longe dos valores que tivemos em 2009.

É cada vez mais claro e consensual que a verba disponível para o apoio às artes neste país,É INSUFICIENTE!!!

E que a forma como as verbas disponíveis são distribuídas pelas diferentes REGIÕES é mais um factor  penalizador.

Não nos venham falar agora numa esmola de 2 milhões de euros, porque todos sabemos que isso não vai resolver o problema. Estamos cansados de pensos rápidos!!!
É a LIBERDADE que está a ser posta em causa.
A LIBERDADE dos criadores que ficam sem ferramentas.
A LIBERDADE do público que se vê privado do direito à fruição cultural.
Reclamamos uma melhor repartição dos dinheiros públicos.
Queremos trabalhar com a DIGNIDADE que nos é devida.  
VIVA O TEATRO!
VIVA A CULTURA!

Cendrev

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