NIGÉRIA Mais de uma centena de raparigas sequestradas pelo Boko Haram de uma escola no estado de Yobe

Continua a desconhecer-se o paradeiro de 110 alunas de uma escola no estado de Yobe, na Nigéria, sequestradas na passada segunda-feira, dia 19, ao que tudo indica pelo grupo islamita Boko Haram.

O ministro nigeriano das Informações, Lai Mohammed, confirmou ontem que as alunas do colégio de Ciência e Técnica de Dapchi “estão desaparecidas até ao momento”, assumindo na declaração que o sequestro foi levado a cabo por “um grupo de insurgentes, presumivelmente membros de uma facção do Boko Haram”, apesar de todos os esforços das autoridades para a sua libertação.

Este anúncio vem pôr um ponto final em informações contraditórias que vinham a ser alimentadas na imprensa e que davam conta da libertação, na sequência de operações militares do exército, de algumas dezenas destas alunas. Aliás, na passada quarta-feira, circulou mesmo a notícia do resgate de 76 raparigas, o que foi depois desmentido pelas autoridades locais.

Entretanto, o próprio presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, já classificou este sequestro como “um desastre nacional”, e, segundo a agência de notícias Reuters, deu ordens claras ao exército para reforçar a sua presença na região, desenvolvendo todos os esforços para se conseguir a libertação das alunas no mais curto espaço de tempo possível.

O desaparecimento destas 110 alunas ocorreu a apenas dois meses de se assinalar o quarto aniversário do sequestro de mais de duas centenas de alunas de um colégio em Chibok, que marcou profundamente a Nigéria e deu origem a uma campanha internacional para a libertação das adolescentes.

O ataque a Dapchi, na segunda-feira, dia 19, verificou-se quando grupos de militantes jihadistas fortemente armados surgiram na cidade, espalhando o pânico entre os moradores. Então, temendo um assalto à escola, alunas e professores “fugiram” – segundo o relato da agência France Press – “para a selva”.

Só dois dias mais tarde é que se constatou que muitas jovens poderiam ter sido raptadas pelo Boko Haram pois não regressaram à escola. As famílias estão a acompanhar este caso com profunda angústia, temendo pela sorte das raparigas.

O colégio tinha, na altura do ataque, mais de sete centenas de alunas em regime de internato.

Este ataque veio provar que, ao contrário do que as autoridades governamentais têm vindo a anunciar nos últimos meses, o Boko Haram não só não foi derrotado como demonstra ainda grande capacidade operacional.

Ainda na passada sexta-feira, dia 16 de Fevereiro, um atentado suicida no mercado de peixe de Kunduga, uma localidade situada a cerca de 35 quilómetros de Maiduguri, provocou pelo menos 19 mortos e dezenas de feridos.

Já então, e tal como a Fundação AIS noticiou, responsáveis das forças de segurança não tiveram dúvidas em afirmar que se tratou de mais um ataque terrorista da responsabilidade do Boko Haram.

Desde 2009, quando se iniciaram as acções terroristas do Boko Haram, calcula-se que cerca de 20 mil pessoas tenham morrido e mais de 2,6 milhões tenham sido forçadas a fugir de suas casas. O Papa Francisco tem denunciado a violência terrorista que se tem abatido sobre as populações da Nigéria e muito particularmente sobre as comunidades cristãs.

Ainda neste fim-de-semana, a propósito da jornada de oração promovida a nível internacional pela Fundação AIS, em que diversos monumentos foram iluminados de vermelho simbolizando a cor do sangue dos mártires, o Papa Francisco recebeu em audiência privada o marido e uma filha de Asia Bibi, a cristã paquistanesa condenada à morte por blasfémia por ter bebido um copo de água de um poço, e Rebeca Bitrus, uma jovem cristã nigeriana vítima da crueldade do grupo terrorista Boko Haram.

O Santo Padre não teve dúvidas em afirmar que tanto Rebeca como Asia Bibi “são duas mártires”, e a própria Santa Sé referiu-se a este encontro, afirmando que “o Papa quis expressamente rezar por Asia Bibi e pelas mulheres ainda hoje prisioneiras de Boko Haram”.

Recorde-se que, no último relatório sobre a perseguição aos cristãos no mundo, referente ao período correspondente a Agosto de 2015 e a Julho de 2017, a Fundação AIS alertou para o facto de a situação na Nigéria se ter agravado. No referido documento destaca-se também a ameaça que os pastores nómadas Fulani representam para as comunidades cristãs.

Nas principais conclusões do relatório pode ler-se que “os ataques dos Fulani aumentaram, as aldeias cristãs foram destruídas e muitas pessoas morreram”. “Os relatórios da Igreja indicam o conluio do Governo local e das forças armadas no assassinato de cristãos, bem como o fornecimento de fundos e armas.”


Fotos © DR | Veja a situação da liberdade religiosa nNIGÉRIA no RELATÓRIO SOBRE A LIBERDADE RELIGIOSA



Departamento de Informação da Fundação AIS | ACN Portugal

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