Na sequência das nossas Orientações Pastorais de 10 de
Março e atendendo à preocupante propagação do vírus, bem como às orientações do
Governo e das Autoridades de Saúde, no fiel cumprimento ao que assumi com os
meus irmãos do Episcopado da Conferência Episcopal e hoje mesmo apresentado em
comunicado, sublinho a importância de termos em conta os seguintes
procedimentos pastorais:
- Sendo um dos maiores riscos para a propagação do vírus Covid-19 a concentração de pessoas, colaboremos proactivamente nesta luta pela defesa da vida humana, que sempre defendemos, suspendendo todo o tipo de Celebrações Comunitárias, nomeadamente da Celebração da Palavra e da Eucaristia;
- No
referente à celebração dos Sacramentos do Baptismo e do Matrimónio, e não
podendo, por motivos válidos ser adiada, realizem-se unicamente na
presença de familiares mais próximos;
- Volto a
lembrar que a Pastoral dos Funerais se reveste de especial sensibilidade e
que deve ser celebrada na intimidade familiar. Recordo o que afirmei nas
anteriores Orientações: “Apelo a um especial cuidado nas Celebrações das
Exéquias, nomeadamente nos Velórios, para que também neste contexto se
cumpram as orientações da DGS e da CEP”;
- Conforme
lembrei nas Orientações anteriores: “Estamos a viver o tempo da Quaresma e
preparamos a Semana Santa, com celebrações próprias, nomeadamente
Procissões, Vias Sacras, Celebrações Penitenciais, Lava-pés e Adoração da
Cruz”, unido às últimas Orientações da Conferência Episcopal peço que
estas celebrações sejam canceladas. No referente às Celebrações
Penitenciais, sejam adiadas, não negando o Sacramento da Reconciliação a
quem o solicitar, salvaguardando todas as medidas de protecção;
- No
referente à Pastoral Social e da Saúde, sublinho o que já referi: “Tendo a
Comunidade Cristã a missão de acompanhar os doentes, idosos e sós deve
continuar a fazê-lo com solicitude, discernindo os modos de procedimento
em cada caso concreto, respeitando todas as normas. Neste delicado
ministério, manifestamos a nossa especial proximidade junto dos mais
fragilizados pela doença e idade, bem como aos Párocos, Diáconos,
Ministros Extraordinários da Comunhão e Visitadores de Doentes”;
- O
acolhimento e a procura são características do Discípulo Missionário da
Esperança. Devem as Paróquias continuar disponíveis para este serviço,
quer através dos seus Serviços de Atendimento Paroquial, quer do
acompanhamento espiritual; lembro, porém, a todos os fiéis os cuidados de
segurança de que se devem revestir estes encontros com os nossos
Presbíteros, Diáconos e Agentes da Pastoral;
- Atentos
à séria ameaça do momento vivido por todos, também devemos acompanhar a
sensibilidade da sociedade na suspensão de todo o tipo de reuniões, nomeadamente
a Catequese, Grupos Paroquiais de Adultos e as atividades Escutistas e de
outros Movimentos Eclesiais;
- Com
muito sofrimento pessoal me dirijo à querida Vigararia de Elvas, onde tenho
estado em feliz experiência de Visita Pastoral. Porém, sinto o dever de
contribuir para o bem da saúde pública adiando a mesma, até a retomar logo
que possível. É com coração agradecido que manifesto a todos a minha
sentida gratidão pelo trabalho empreendido na programação da mesma e pelos
momentos com todos já partilhados. Com esperança anseio reencontrar-vos em
breve;
- Apelo,
vivamente, a todos os Sacerdotes e Diáconos e às amadas comunidades
religiosas que, mais do que nunca, valorizemos a oração do Ofício Divino
pelo Povo de Deus. Aos Presbíteros recomendo que continuem a celebrar
diariamente a Eucaristia rezando na sua intimidade por todo o Povo de
Deus;
- Nesta
hora de provação recomendo aos Pastores que acompanhem pessoalmente os
fiéis servindo-se de todos os meios que as novas tecnologias nos propõem. Na
Eucaristia diária que celebro ter-vos-ei presente a todos e procurarei que
a mesma seja transmitida diariamente através da Página da Arquidiocese e
do Facebook às 19.00h;
- Dirijo-me
ao Povo Santo de Deus na certeza de que cada cristão viverá este tempo de
prova em intensa união a Cristo Crucificado e Ressuscitado. Que cada um de
vós seja Eucaristia vivente no meio do mundo e sinal vivo da esperança de
que o Senhor nunca nos abandona. Sois chamados a mostrar o amor de Deus a
todos os irmãos que se cruzam na estrada das vossas vidas;
- Esta
dolorosa experiência apresenta-se como um sinal dos tempos de que o homem
não é Deus de si próprio nem a ciência e a tecnologia encerram a última
palavra de Esperança. Para nós cristãos esta circunstância pode ser vivida
como uma séria interpelação ao primado de Deus nas nossas vidas e à
importância da vivência fraterna do mandamento novo do amor;
- Com
Maria permaneçamos ao pé da Cruz de todos os crucificados e saibamos ser
um Sim de Amor constante a todos os sacrifícios que nos forem pedidos.
Alarguemos a tenda do nosso coração a todos os que careçam de acolhimento e
conforto e tenhamos colo sobretudo para os doentes, os frágeis e os sós.
Com todos os que generosa e competentemente estão no terreno do combate
desta ameaçadora pandemia nas suas missões profissionais, nomeadamente nos
serviços de saúde, socorro, segurança e protecção, saibamos ser
particularmente gratos atentos e colaboradores.
Évora, 13 de
Março de 2020, no sétimo ano do pontificado do Papa Francisco
+ Francisco
José, Arcebispo de Évora
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