1.Mensagem
Neste
ano Pastoral de 2019-2020, celebramos o Natal do Senhor, na Alegria
de nos sentirmos convocados a ser discípulos missionários da
Esperança, muito concretamente, através do acolhimento e da procura
dos irmãos, que sentem sede de Esperança e desejam encontrar-se com
a Luz.
Sabemos que
o ruído próprio da sociedade de consumo em que vivemos confunde os
autênticos valores do Natal, com propostas meramente fúteis e
banais, e que, por isso mesmo, nós cristãos, somos chamados a
mostrar com as nossas vidas, a beleza autêntica do Natal, a sua
mensagem e os seus desafios. Assim, nesta sociedade marcada por
tantos desencontros, celebremos o Natal como mistério e proposta de
encontro. Em Jesus, nascido em Belém, encontramos Deus feito Homem e
n’Ele nos encontramos com todos os Humanos: «Glória
a Deus nas Alturas e Paz na terra aos homens por Ele amados».
(Lc 2, 14).
O «Verbo
que Se fez carne» (Jo 1, 14) é verdadeiro Deus e verdadeiro homem.
Eis a lição do presépio, o «Evangelho vivo» como lhe chama o
Papa Francisco: Deus habita também no mundo e quer ser habitado por
cada pessoa que há no mundo. Por isso, procuremos Deus em Jesus, e
acolhamos Jesus em cada ser humano.
Em Jesus,
Deus vem ligar o que está desligado. Constatamos que por vezes
perdemos os «laços» que nos ligam uns aos outros. Se deixarmos, o
individualismo toma de tal maneira conta de nós, que nem nos
apercebemos de como estamos aprisionados em nós mesmos. O mistério
do Natal é, pois, um convite de abertura total a Deus e à
humanidade. É esta abertura que configura a nossa libertação e a
nossa felicidade.
Com tantas
actividades e ocupações, o nosso olhar torna-se inevitavelmente
disperso. Não nos centramos no que verdadeiramente importa.
Frequentemente nem no Natal conseguimos parar. Somos pois convidados,
neste tempo, a parar e a olhar serenamente para Jesus na Sua imagem
de encanto e ternura no presépio, e na Sua presença real na
Eucaristia; a reencontrarmos a beleza da nossa vocação e a
humanizarmos os nossos ambientes com a força que nos vem do
Evangelho.
É a Jesus
que pertencemos desde o Baptismo. Estamos n'Ele enxertados para por
Ele sermos transformados. Façamos do Natal um acontecimento gerador
de paz, pois na manjedoura nasceu a paz duradoura. É essa paz que
somos chamados a semear na nossa vida e na humanidade. Deixemo-nos
envolver por este mistério Santo que nos transfigura e revela a
beleza do Amor, pelo qual somos amados.
Não foi
para o mundo ficar igual que Deus se fez Natal. É para que tudo seja
diferente que Deus revela um amor omnipotente: um amor que é capaz
de Se fazer o que nós somos para que nós nos deixemos tocar pelo
que Ele é. Sejamos discípulos deste Menino que muda a nossa vida e
guardemos a Sua divina Palavra em nosso coração para a testemunhar
no dia a dia. Como Maria, que deu Cristo à luz na sua carne, que nós
demos Cristo à luz na nossa vida: com o nosso testemunho, com a
nossa disponibilidade missionária para acolher, procurar e abraçar.
Discípulos
e missionários do Natal, levemos aos mais desprotegidos e
abandonados «o Menino que nasceu, o Filho que nos foi dado» (Is 9,
6). Que o melhor presente seja a nossa presença e a transfiguração
de Cristo na vida de cada irmão!
Que neste
Natal nos encontremos com Cristo e O saibamos ver em quem sofre. Que
O encontremos nos mais frágeis e sós e lhes levemos o Sim fraterno
do Amor que Deus lhes dedica. Que a nossa criatividade pessoal e a
criatividade das nossas comunidades cristãs vençam a rotina ou a
inércia e percorram caminhos novos de encontros humanizadores.
Natal é
tempo propício e favorável a gestos comprometidos com a esperança
e empreendedores de humanidade. Que cada comunidade cristã seja
lugar de encontro com Cristo, seja presépio e Natal.
Que os
valores supremos da vida humana, desde o seu primeiro instante até à
morte natural, dignificada, devidamente assistida e acompanhada; que
o valor da família, património imaterial da humanidade e berço
natural da vida e que os valores inegociáveis de cada pessoa humana
centrem a sociedade na vivência da solidariedade fraterna e sejam
compromissos para cada um de nós neste Natal.
2. Saudação
Saúdo e desejo Santo Natal aos nossos estimados
Presbíteros, Diáconos, Consagrados e alunos dos Seminários! Para
cada um deles o reconhecimento da Igreja Diocesana!
Saúdo e desejo Santo Natal às queridas famílias, aos
casais em vivência matrimonial, seus idosos, doentes, pessoas com
deficiência, jovens, adolescentes e crianças. Que no centro de cada
família esteja presente a manjedoura onde Cristo nasce, vive e
cresce e que a riqueza humana de cada família seja presépio onde
acontece o acolhimento que Maria e José não encontraram em Belém!
Saúdo e desejo Santo Natal a todas as pessoas de boa
vontade que com esforço e dedicação tudo fazem para a edificação
de uma sociedade mais justa, fraterna e pacífica!
Saúdo com especial gratidão e desejo Santo Natal a
todos os que vão trabalhar para o bem comum na Noite de Consoada e
no Dia de Natal!
Saúdo e desejo Santo Natal aos serviços de saúde que
servem as nossas populações, bem como às Santas Casas da
Misericórdia, aos Centros Sociais, às Escolas, aos Serviços de
Segurança Social, aos Soldados da Paz, às Forças Armadas, de
Segurança e Proteção Civil, aos Tribunais e demais Serviços de
Justiça, aos Estabelecimentos Prisionais, a todos os Meios de
Comunicação Social ao serviço da nossa região, a todos os
refugiados e imigrados no nosso país e a viverem agora connosco, bem
como àqueles que connosco viviam e agora experimentam a contingência
da emigração.
Por todos ergo a minha oração e a todos desejo Santo
e Feliz Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo.
+
Francisco José, Arcebispo de Évora
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