O céu de Outubro de 2018

Outubro é o mês em que Júpiter deixa de ser visível. O planeta está a aproximar-se cada vez mais do Sol, no céu, ficando gradualmente mais baixo ao pôr-do-Sol. Se no dia 1 ainda o vemos a partir das 19h30 e até cerca das 21h00, no dia 31, com o planeta a menos de 19 graus de distância do Sol, já se põe às 18h30, sendo visível apenas para os mais atentos, e durante cerca de meia hora.

Quanto ao céu do mês, no dia 2, a Lua atinge o quarto minguante.
O céu virado a Noroeste, às 00h30 de dia 9 de outubro, com indicação da localização do radiante das Dracónidas. (Imagem: Ricardo Cardoso Reis /Stellarium)
No dia 9, dia de lua nova, ocorre também o pico da chuva de meteoros das Dracónidas. Esta é tradicionalmente uma chuva fraca, com cerca de 10 meteoros por hora (em céus escuros). No entanto, em anos em que o cometa que lhe deu origem, o 21P/Giacobini-Zinner, volta ao periélio, essa contagem aumenta até aos 50 meteoros por hora (em céus escuros). Isso é esperado este ano, com o pico a ocorrer entre as 00h00 e as 8h00. Além disso, esta chuva é dada a inesperados surtos de intensidade que podem valer a pena (em 2011 chegaram aos 600 meteoros por hora).
O radiante desta chuva (ponto de onde parecem emanar os meteoros) é a constelação do Dragão, constelação associada a vários dragões mitológicos. Um deles é Ladão, o dragão de 100 cabeças que guardava as maçãs douradas do jardim das Hespérides. Num dos 12 trabalhos de Hércules, o dragão foi morto pelo titã Atlas, enquanto Hércules o substituía na tarefa de sustentar o céu nos seus ombros.
A estrela mais brilhante do Dragão, Thuban, já foi a estrela polar, por volta do ano 3000 a.C. Isto aconteceu por causa da precessão dos equinócios, o “bambolear” natural do eixo de rotação da Terra (semelhante ao que acontece a um pião quando perde velocidade), que faz com que o eixo rode sobre si próprio a cada 25 770 anos. Por volta do ano 20 346, Thuban voltará a ser a estrela polar.
Depois temos uma semana em cheio para a Lua. Dia 11 o nosso satélite passa a 4 graus de Júpiter, dia 14 passa a 3 graus de Saturno, dia 16 entra em quarto crescente e dia 18 passa a 4 graus de Marte.
No dia 21 ocorre o pico da chuva de estrelas das Oriónidas, com cerca de 35 meteoros por hora previstos (em céus escuros). Com Orion a nascer por volta da meia-noite, e com a Lua quase cheia, este não será dos melhores anos para observar esta chuva. A lua cheia chega três dias depois, no dia 24.
Na madrugada do dia 28 não se esqueçam de atrasar os relógios uma hora. (Imagem: Ricardo Cardoso Reis/IA/Planetário do Porto)

E na madrugada de dia 28 muda a hora, com os relógios a atrasarem uma hora às 02h00 no Continente e na Madeira (passa a ser 01h00), e à 01h00 nos Açores (volta a ser meia-noite). Nesta altura voltamos a ficar mais próximos da verdadeira hora solar para o nosso país.
E para terminar o mês, dia 31 a lua atinge novamente a fase de quarto minguante.

Boas observações.

Ricardo Cardoso Reis (Planetário do Porto e Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço)

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